Testinha terá de suar a camisa para ser o primeiro prefeito reeleito da história de Poá
A eleição para prefeito em Poá poderá ter uma dobradinha estranha tentando barrar a reeleição de Francisco Pereira de Sousa (PDT), o Testinha. A união entre os ex-prefeitos Roberto Marques e Eduardo Carlos Felippe, o Eduardão, era inesperada e inimaginável há pouco tempo atrás. Mas pode acontecer em 2012.
Roberto Marques, ex-PTB, e atualmente no DEM, viu seu prestígio diminuir quando a vereadora Jeruza Lisboa surgiu como presidente do diretório municipal, neste ano. Outro vereador, Azuir Marcolino, conseguiu do deputado estadual Campos Machado a garantia de que será o candidato do partido ao Executivo nas próximas eleições.
Marques tinha história no PTB. Cumpriu dois mandatos como prefeito (um eleito e outro herdado, quando era vice do lendário Jorge Allen, falecido durante o mandato em 1998). Contra Eduardão, disputou a prefeitura em 2000 e perdeu. Em 2004 a revanche: foi eleito para seu segundo mandato, vencendo o então chefe do Executivo. Quatro anos depois, ambos foram surpreendidos e derrotados por Testinha.
Eduardão (PSDB), ex-jogador de basquete, foi vereador por duas vezes e prefeito por outras duas, entre 1993 e 1996 (pelo PDT), e depois entre 2001 e 2004 (no PFL, que se tornaria o DEM). Ao fim do primeiro mandato ajudou a eleger a dupla Jorge Allen/Roberto Marques, pois não havia reeleição.
Desde então, a relação se desgastou eleição após eleição, com uma série acusações de lado e de outro. Estratégia que se mostrou eficaz, em curto prazo, para quem fosse opositor. Poá nunca reelegeu um prefeito. No entanto, em longo prazo o que se viu foi o surgimento de uma terceira via, vista pela população como esperança, principalmente nos bairros mais abandonados, como a renegada Cidade Kemel. Testinha foi eleito com os votos destas áreas, e era favorito à reeleição, com o apoio de partidos como o PSDC e o PSL. Era.
É imprevisível imaginar como a população de Poá reagirá nas urnas a esta provável e estranha dupla, que “apararam as arestas” em nome da busca do poder perdido em 2008. E que pode até se tornar um trio, com o aporte de outro pré-candidato, como Pedro Campos Fernandes, do PMDB. Mas para que a chapa saia do imaginário dos postulantes, Eduardão terá que resolver sua situação com a justiça, pois o ex-prefeito está inelegível (o que na prática significa muito pouco).
Outros personagens entrarão em cena. O vereador Junior da Locadora saiu do PV e foi parar no PR, onde é pré-candidato a prefeito com o presumível apoio do PRTB e do PRB. Já o PT filiou o secretário municipal de Saúde Ali El Kadri, que pode surgir como nome do partido. Também há a possibilidade do secretário municipal em Suzano, Rosenil Barros Órfão, voltar a fazer política em sua cidade-berço.
Sem eleitores suficientes para um segundo turno, Poá deve repetir a emocionante eleição de 2008, quando a decisão saiu nas últimas urnas, voto a voto.